Quando a Yara entrou em contato para saber se eu escreveria para o blog Maternidade sem Regras e explicou qual era o objetivo, eu não hesitei um só minuto. Falar da minha “triste” experiência para ajudar outras mães, com certeza faria muito bem para mim também.
... 1985, eu já com 27 anos
e namorava com o Lu , há mais de três anos. Ficamos grávidos e resolvemos que
queríamos permanecer juntos e nos casamos em novembro do mesmo ano.
Danielle nasceu em abril de 1986 e eu descobri
ao mesmo tempo as responsabilidades que um casamento e a maternidade traziam. E
vivam as vovós! Sem elas eu não sei como teria conseguido dar conta de tudo.Trabalho,
casa e minha princesa. Tudo era tão mágico e a cada dia, cada ano, eu
incorporava mais e mais a mãe, a profissional, a esposa, a filha, tudo muito
misturado. Mas o papel de mãe... ah esse estava sempre em primeiro lugar!
Nada era mais importante.
Curtia cada momento, cada festinha na escola, cada bilhetinho (os quais guardo
até hoje), as festas de aniversário, tudo. Na minha cabeça já estava tudo
definido. Nós só teríamos um filho, ou melhor, uma filha... Danielle, pois ela
dava conta de todas as minhas expectativas e realizações.
Pois bem, quando a Dani
estava com aproximadamente 5 anos começou a pedir uma irmãzinha. Eu dava
desculpas, falava que ia pensar e deixava o tempo passar. Até porque ela sempre
apresentou uma tosse persistente que me preocupava e me ocupava demais. Não se
alimentava direito e era tratada como “bronquitera”, isso fazia com que frequentássemos
muitos médicos.
Um dia eu cheguei ao colégio para buscá-la e
várias professoras vieram me parabenizar e eu não entendia muito o que estava
acontecendo, pois não era meu aniversário. A diretora da escola me chamou e
contou que a Dani havia espalhado que eu estava grávida e ainda mais, que ela
sempre fazia desenhos que eu aparecia grávida, ou a nossa família e ela
segurando a mão de outra criança. Cheguei em casa e conversei com o Lu, e para
o meu espanto ele ficou feliz da vida apoiando o projeto da filha.
Bem, diante do cenário
apresentado, resolvemos que teríamos outro filho. Fiquei um ano sem o uso do
anticoncepcional para a chegada da Vanessa. Isso já era maio de 1993 e a Dani
já estava com sete anos. Como era uma mãe “leiteira”, amamentei meu novo bebê até
os três anos e durante este processo, passando da pílula Nortrel para a
Microvlar, descobri em abril de 1995 que estava grávida novamente. Mais tarde
vim saber que a Microvlar foi de um lote suspeito de ser “de farinha”. Em
novembro nascia Giuliana, mais uma princesa para o harém do Sr. Claudemir (Lu).
Muito bem, a esta altura
tudo tinha que ser dividido por três. Tanto as coisas materiais, como a atenção
de todos em casa. Dani já com 10 anos, vinha apresentando há algum tempo
problemas comportamentais e tinha muito ciúmes das irmãs. Levei à psicóloga e
fez tratamento por um ano. Melhorou muito a parte psicológica, mas a tosse
persistia. Fomos encaminhadas a outro especialista que diagnosticou “Bronquiectasia”.
Isso não a impedia de ter uma vida normal. Estudava, tinha suas amigas, frequentava
cinema, tudo que uma adolescente tem direito. A única diferença é que vivia em
tratamento com fisioterapeuta e com antibióticos. Foi assim até final de 2004
quando o problema começou a se apresentar de uma forma mais grave.
Já na faculdade, cursava
Propaganda e Marketing, na época namorava um menino maravilhoso, frequentava
baladas, e começou a sentir falta de ar, coisa que nunca tinha aparecido.
Sempre juntas, porque não tínhamos relacionamento de mãe e filha, e sim de duas amigas, companheiras e
cúmplices, começamos mais uma jornada de tratamento. Desta vez nos foi
apresentado Dr. Alex Macedo que foi muito mais que um médico, foi um amigo que
ficou conosco até o final da nossa luta. Em fevereiro de 2005, Dani foi internada
às pressas na UTI da Santa Casa, ficou entubada por 20 dias. Saiu da UTI no dia
anterior ao meu aniversário.Passamos juntas o meu aniversário de 47 anos e uma
semana depois ela faleceu. Diagnóstico não confirmado de Fibrose Cística.
E vocês devem estar se
perguntando, e aí? O que aconteceu com você?
Quem me conhece e convive
comigo sabe. Em momento nenhum eu me revoltei ou me deprimi pelo acontecido. Espírita
convicta que sou, espiritualidade que provavelmente herdei da minha avó materna
, que nem cheguei a conhecer, não podia ir contra a lei de Deus. Dani também,
desde pequena já assistia as palestras no Centro Espírita que frequentávamos.
Eu não podia ser tão egoísta de preferir ver minha princesa sofrendo ao meu
lado do que senti-la reinando em outra dimensão. Nos meses que se sucederam o
acontecido, li quase toda a obra da Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (O vôo da
Gaivota, Violetas na Janela, Flores de Maria, etc.), leitura essa, que era como
um bálsamo para o meu espírito.
Hoje, existe uma convicção
dentro de mim, que onde quer que ela esteja, está muito bem. Por várias vezes
sinto sua presença e mentalizo boas energias.
Já se passaram 12 anos e
toda vez que alguém pergunta quantas filhas eu tenho, eu respondo três. Sem esquecer que foi ela que organizou a
chegada das outras duas, né?
Lindo... Tive cinco ... Quatro de uma só vez onde apenas um sobreviveu ... E por causa do meu grande Davi sobrevivente e guerreiro tivemos tbm a Kamilla ... E são a alegria, a felicidade dos meus dias... Parabéns por sua garra e complacência e lidar com o sofrimento .... Beijos querida professora, sua historia é edificante...
ResponderExcluirBelíssima história de superação! Obrigada por compartilhar!
ResponderExcluir