Bom...Começar a falar desse assunto, não é muito fácil, pra
mim...Acho que para todas as mães que trabalham. É sempre um misto de culpa, e incerteza das
decisões. Ouço muito, leio muito: “parei de trabalhar, pois não quis terceirizar
a educação dos meus filhos”. Isso acaba comigo! As pessoas deviam ter mais
empatia, ao mencionar esse termo “terceirizar” quando se envolve filhos.
Trabalho e não acredito que estou terceirizando a educação dos meus filhos. A
escola cuida, mas sou eu que educo! Os avós ajudam, mas a responsabilidade de
mãe é minha!
Quando converso esse assunto com
a minha mãe,ou alguma pessoa mais experiente, onde os filhos agora estão
grandes a frase é a mesma : Não pare de trabalhar...eu me arrependo tanto!
Gostaria de ter uma carga de horário melhor, ou até mesmo outra
aptidão: bordar, cozinhar, algo que eu
pudesse ter mais tempo de ficar com meu filho, e me gerasse uma renda. Admiro as mães que são empreendedoras e
conseguem. Eu não encontrei, nenhuma aptidão.
O que eu sei fazer é o que eu estudei na faculdade , e a minha vida
profissional me ensinou.
Toda vez, que Arthur retorna das
férias, é um desgaste! É um choro na porta da escola. Além do choro, ele agarra
na minha perna, agarra no colo e eu fico com aquela cara despedaça na frente da
escola, como se estivesse fazendo algo de ruim. Por muitas vezes entrei no
carro, e não sabia nem a direção que tinha que seguir. Minha vontade era voltar
,e pegar de volta. Chorava no volante do carro, e seguia. Afinal a vida segue.
E assim foi por uns dias, até que um
dia, ele entra me da tchau...E eu? Descubro que tudo passa...
Mas nem todo esse stress, de
adaptação escolar, foi tão marcante quando um dia ele me disse: mãe não vai
trabalhar. Era uma manhã, corrida como todas as manhas. Entre você, correr para
chegar no horário no trabalho e você
lidar com a preguiça e birra de uma criança de dois anos ele disse: mãe
não vai trabalhar. Eu tentei fingir que não ouvi, mas o rostinho dele não
deixou. Na hora disse o que apareceu na minha cabeça: a mamãe precisa
trabalhar, você vai brincar com seu amiguinhos, e depois a mamãe volta para te
buscar. Foi a única coisa que surgiu na minha mente.Se foi certo , não sei! Na
manhã seguinte, rezei tanto para ele não falar de novo. E ele não falou. Essa
frase martelou muitos dias na minha cabeça. Até que resolvi escrever.
Me cobro muito mais agora
profissionalmente do que antes. Também me cobro muito como mãe. Quando está um dia de sol, fico
pensando que podia estar com ele na praia, ou em qualquer outro lugar.Quando
chove, e está frio bate aquela dó de ter que levantar, e levar para escola. Quando ele está doente e
preciso trabalhar meu coração se despedaça. Uma manha, ele amanheceu com febre,
tinha um compromisso no trabalho que não podia faltar. Dei banho, dei remédio,
febre baixou, levei para escola, com o coração apertado, me culpando. A cada
hora ligava e recebia um tudo bem, ficava tão aliviada! Quando chega o horário
de pegar ele na escola , tenho vontade
de passar por cima de todos os carros no caminho. Recebo um abraço tão gostoso,
e aqueles cinco minutos , querendo saber como foi o dia dele, é hora mais
esperada do meu dia.
Depois dessa frase: Mãe não vai
trabalhar, comecei a repensar muita
coisa. E voltei no tempo. No tempo que eu tinha meus sonhos profissionais. Fui
aluna do noturno. Trabalhei e estudei, como muitas pessoas. Foram 5 anos.
Muitas sextas feiras. Minha vontade era estar no bar da esquina, mas estava lá,
sentada em uma sala de aula, acreditando que um dia isso ia me fazer feliz, e
eu ia ganhar dinheiro. Aula sábados, TCC,
noites acordando mais cedo e dormindo mais tarde para não “pegar” nenhuma dependência
de matéria, e consegui.!Quebrei a cabeça para entender, as ligações de carbono
e hidrogênio, mesmo sabendo que nunca ia usar aquilo, mas me dediquei. Tive
aula de ética, e como estudei em universidade católica, tive a matéria PHC( problemas do homem contemporâneo), e nenhuma
delas, nenhum professor disse : um dia vocês serão mães e pais, e uma criança de 2 anos vai dizer para você não ir trabalhar e qual a
resposta para essa questão?
A) parar de trabalhar
B) continuar a trabalhar
c) nenhuma das anteriores- não
sei o que fazer.
Acho que se tivesse essa questão na época, todos
responderiam letra B sem pestanejar. Imagina largar nossos sonhos por um filho
! Porque só sendo pai e mãe, para sentir o peso dessa palavra. Mas enfim...Lembrei dos meus sonhos. Me formei
, e assim como a maioria das pessoas, nem tudo é como a gente imagina. Vem a
luta para o primeiro emprego, a primeira oportunidade. O salário nunca é o esperado, você aprende que tem que lidar com
pessoas, gestão e colocar em prática tudo que aprende ( menos a química orgânica
).
Com tudo vou seguindo certa da
minha escolha, porque além do meu sonho de ser mãe, sempre sonhei em ser uma
boa profissional. É errado? Pra mim, Não! O fator financeiro conta ? Muito! Me dedico ao meu filho, mais do que tudo
nessa vida! Me cobro constantemente do tempo que dedico a ele. Sei que ele está crescendo , e aos poucos o entendimento
aumenta e pode ser que , as cobranças aumentem também. Mas quando essa hora
chegar, espero que ele entenda, que a mãe dele também é uma profissional, e ela
é feliz assim! E que não existe melhora mãe pra ele do que eu! Independente da
minha necessidade e escolhas!Com muito amor juntos , nos vamos dar conta desse
desafio!
Perfeito seu texto Yara. Uma vez a Sara disse pra eu nao ir trabalhar também. Eu respondi....mas a mamãe trabalha pra comprar seus brinquedos , e ela: "mas eu ja tenho brinquedos"...ou seja...trabalho é para engrandecer o homem ( assim falou minha cunhada) e nao somente para se ter bens materias! otimo texto!
ResponderExcluirIsso mesmo, Priscila, além claro do fator financeiro, o trabalho engradece o homem. Conhecemos pessoas, aprendemos cada dia mais!
ExcluirExcelente texto Yara!! Eu posso dizer de carteirinha que trabalhar fora não atrapalhou em nada a minha ligação com a Eduarda. É claro que tive o apoio da minha mãe na parte "logística" no início e do Sérgio depois, mas lembro que a partir do momento que ela nasceu, o tempo livre que eu tinha era pra ela, com programas de criança e eu curtia muito isso. Essa ideia que os psicologos falam de "tempo de qualidade" é real! A vantagem de ser mãe depois dos 30 anos é que você não sofre por deixar programas, baladas e outras coisas, pois já fez tudo isso antes!! Eu nunca tive essa experiência de choro na escola ou pedir para não ir trabalhar... A Duda sempre foi uma criatura super sociável e no primeiro dia de escola, deu tchauzinho e nem olhou pra trás. Mais tarde eu a trouxe algumas vezes aqui na empresa, fizemos até uma incursão na área operacinal (ela de capacete e tudo, com 6 anos)e isso sempre a fascinou. Acho que ajudou ela a compreender a importância do que eu estava fazendo! E isso que a Priscila falou aí em cima também é verdade. A gente passa para eles que a nossa existência tem uma fim nobre, que é contribuir para o "andamento do mundo". Isso irá ajudá-los a entender porque estudar e ter uma profissão é importante! Espero ter contribuído com o meu comentário! Um Abraço!
ResponderExcluirSeus textos são demais Simone!!! E essa ideia da empresa, foi muito bacana!! imagino a cabecinha dela de entrar no seu mundo! E você pode ter certeza, que sempre contribui com as suas palavras!! Beijos
ExcluirLindo texto Yara, estou adorando cada post seu..
ResponderExcluirQuando engravidei pensava muito nisto, mas cada mãe reage de um jeito, a cobrança é inevitável, fui jugada por muitas pessoas, por ter a decisão de abandonar meu emprego, Não acho que estava tercerizando a educação do Arthur pelo contrário, na escola as professoras tem técnicas para ajudar na educação melhores que as minhas, elas na verdades auxiliam nós mães que não fizemos pedagogia e não sabemos por onde começar na hora de ensinar o alfabeto, os números e etc.
No meu caso coloquei na balança todos os momentos profissionais, os stres X o dinheiro e os momentos que eu deixei de participar, ano passado perdi a apresentação do dia das mães, a festinha de fim de ano, pois não queria deixar de cumprir o que tinha, a reunião que estava agendada mas na filmagem tive uma surpresa, vi que meu arthur não pode dar a rosa que estava na mão como os outros amiguinhos, pois eu estava num dia super cheios e com vários prazos e não fui...Hoje me arrependo muito, pois vê seu filho na filmagem da escola com carinha de triste, primeiro ele me procurou, depois entregou a rosa para a professora, isso doe demais passar por momentos assim..e resolvi abandonar tudo para ter momentos melhores com ele, pelo menos esta fase inicial, se vou me arrepender disso depois não sei...mas é bom demais ir na festinha do dia das mães e conseguir deixar ele fazer a apresentação dele..é bom demais estar presente nestes momentos..
Agora me divido com os meus estudos..estou adorando cursar outra faculdade..e é melhor ainda conseguir correr atras de mais informação, mais conhecimento e ter o arthur comigo..Um enorme Bjo Yara e até o proximo Post =)
Yuri, muito obrigada por acompanhar o blog! A maternidade não tem regras, cada mãe é uma escolha! Você fez a escolha do seu coração de mãe, e ela com certeza foi a melhor!! Muito difícil, não poder acompanhar momentos importantes na vida do nosso filho! Agora com uma faculdade, coisas novas vão surgir!Quem sabe daqui a pouco você vai estar escrevendo as oportunidades que a vida te deu, mudando as coisas...E aproveita e curte muitoooo seu arthur!!!
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